foto por Lilia Souza |
"Alice: Quanto tempo dura o eterno?
Coelho: Às vezes apenas um segundo."
(Alice no País das Maravilhas)
Lewis Carol
Há
quanto tempo penso no tempo?
Há
quanto tempo meu tempo me dá tempo?
Por
quanto tempo terei tempo?
Estávamos
quietos como céu sem vento, respiração suspensa e coração acelerado.
No
meio da noite nada nos bastava, nada saciava a ânsia de que aquele tempo nunca
terminasse.
Viver
em um desejo estranho de urgência, que compõe a força dos atos, que voa nas
asas das noites enquanto o sonho pergunta pela paixão.
Nada
mais valem meus passos que se apagam na areia rapidamente.
Impulsos de amor que não acabam, desertos de jardins sem canteiros em cor.
Impulsos de amor que não acabam, desertos de jardins sem canteiros em cor.
Mais
que nunca a piedade me leva à mim mesma, onde sem pressa, guio o fio que
se soltou das amarras de outrora.
Acreditar
que no amanhecer duvidoso de uma aurora inocente, o esquecimento me leva ao
perdão, sem mesmo roçar o lençol do mais puro desespero, o sem-nome sentimento
da calmaria que reflete puro descaso.
Traçar
um destino meu, carregado de incertezas que se acomodam no tempo, que me faz
olhar adiante em angústia tardia que a nada me vale ou consuma.
São
horas inteiras, dias intermináveis, noites insones, que me invadem.
Em
um caminho onde nada me sabe a infinito, onde o absurdo toma conta e cuida para
que meus olhos hospedem-se nas trevas de mim, eu continuo a correr, a amar, a
buscar a natureza mundana do viver, sem perguntar pelo tempo, pelo prazo de
encontrar, e que tardiamente descubro que o alvorecer vai me trazer ao sempre,
ao eterno, sem tempo.
Ing
Este post integra a quarta e última semana do projeto Caderno de Notas. Confiram os blogs das demais escritoras:
Lunna Guedes http://catarinavoltouaescrever.wordpress.com
Tatiana Kielberman http://detalhesintimistas.wordpress.com/
Ana Claudia Marques http://pontocontos.blogspot.com.br
Letícia Alves http://www.minhastempestades.com.br/
Luciana Nepomuceno http://borboletasnosolhos.blogspot.com.br
Thelma Ramalho http://2edoissao5.blogspot.com.br/
O quarto tema : "É sempre tarde quando acordo"..
7 comentários:
Tudo em harmonia: imagem, epígrafe, texto. Aliás, quero deixar registrado que eu amo seus poemas, mas as suas prosas me encantam; elas conseguem trazer poesia em outra forma.
...
Ah! o tempo... tempo que nos aflige na mesma intensidade que nos amadurece.
Ah! o tempo ... Senhor de tudo sempre.
Beijos , minha amiga querida
Parabéns, querida amiga. Lindo.
Um beijo, Ingrid!
Minha querida, suas linhas em prosa sempre me fazem ir ao longe, promovendo reflexão e nuances de sensibilidade...
O tempo é mesmo este mistério que, talvez, a gente nunca consiga entender... É isso que o torna tão sagrado e imponente!
Que possamos aproveitá-lo da melhor maneira...
Lindo, lindo!!
Um beijo grande!
Um vazio que tenta ser preenchido pelo tempo, sendo que o tempo não pode ser pego.
Como faremos então?
Um bom domingo.
este tempo dentro do tempo
beijo
Bom dia, querida amiga Ingrid.
Sinto-me feliz por estar aqui.
O tempo é um presente da vida.
Feliz semana.
Beijos.
Ingrid,linda demais a sua poesia e nos fez refletir sobre o tempo tb! Bjs e boa semaninha!
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