sábado, 23 de setembro de 2017

Estou sozinha de olhos abertos para a escuridão.



Internet - Tïj





Não me cante canções do dia, pois o sol é inimigo dos amantes. 
Cante as sombras e a escuridão, cante as lembranças da meia-noite.
Safo.


Olá,

Sabe que hoje se fez um dia interessante.
Estou eu aqui, sozinha, de olhos abertos para a escuridão que me rodeia.
Estou aqui pensando e sentindo toda a intensidade deste dia nesta noite insone...

Pela janela aberta entra a fresca brisa da noite que vem acalentar meus pensares.
O farfalhar das folhas ao vento é som que não embala meu sono.
Quanta pele passou por meus dedos, quanto calor esteve imune ao suor que refresca...

Saber-me a cada dia, imersa na intensidade deste caminhar sem fim, sem prumo, e que encanta em cada toque – se toque...
Deixar-me levar sem pensar no futuro ou sequer na hora seguinte – expulso um bocejo teimoso – e sigo em busca de mais luz.

Voar em torno da lâmpada é suicídio – mariposas – mas existe toda a magia que atrai de forma ardente e brilhante.
E por vezes foi assim que me senti. Sem ter noção se rumava ao fim.

Mas não vou alongar estes devaneios que fecham o meu dia, e que me mantém desperta até esta tardia escuridão.
Que a noite brilhe em meus sonhos trazendo o calor que o dia encobriu.

Até.
Ing,

Projeto Scenarium Plural
Missivas de Setembro

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

As horas estão escritas num futuro impossível.

Imagem de Fuzarca pela Internet
Olá,

Poderia escrever por horas a fio - ler e reler.
Poderia contar as letras que passaram e as que ainda virão.
Mas hoje - precisamente hoje - as palavras me fogem!

Foram tantas as reviravoltas, tanto que deixei para trás em busca do impossível...
Não que me tenha iludido, absolutamente!
Fiz caminhos e caminhadas plenos e felizes. Aprendizados que jamais teria em outro tempo.

Vejo-me simplesmente em horas sobre escritas, sob sentimentos únicos.
Desenhei imagens, corrigi roteiros, alimentei vontades.
Mas nada disso me fez melhor ou mais importante.

Saudade? Não. Melancolia? Não.
Apenas a constatação de que tudo pode crescer e morrer em um tempo inalcançável.
Um aprendizado que jamais vai voltar e que - sinceramente? Não quero de volta.
Ou era ali ou não mais.

Enfim meu caro, como disse - fogem-me as palavras!
E até escrevi demais, tentando expressar o que vai no íntimo de uma alma, que não será lida, sequer tocada...

Sigamos juntos em um futuro impossível, onde as horas estão e estarão escritas em papel virgem - doce deleite de desejos...
Onde jamais cruzaremos o tempo que teima em não virar a meia-noite...

Até um dia!

Ing


Projeto Missivas de Setembro - Scenarium Plural
Créditos na imagem.






segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Existe uma mesa com papéis, livros e uma lareira apagada.



Caro R.

Escrevo sob a luz morna que tenta aquecer meus pensamentos nesta noite fria.
Uma mariposa teima em voar e pousar nos papéis que refletem a luz dos meus pensamentos.

Minhas emoções sempre tolheram os desejos simples que a vida me propôs. A busca eterna do que não existiria, um ardor que transborda e queima a alma.

Lembro-me do primeiro dia – as emoções intensas -  quando tudo começou. Tantas incertezas e medos flutuavam no ar leve. Os pensamentos iam até onde o olhar alcançava pela janela fechada.

As palavras já não precisavam ser ditas – tudo ao redor dizia claramente a que viemos.
Lembro-me bem do cheiro doce com que tudo era perfume, e inebriada, me deixei levar pelo aprendizado suave, pelas tuas mãos que percorriam a pele...

A música sussurrava aos ouvidos os passos que percorreríamos por algumas horas. Nada era tão firme quanto tuas mãos. Nada era tão leve quanto meus passos.

Era Setembro - justamente o mês onde tudo desabrocha, e nos deixa na intensidade das cores.
Era fim de tarde - o momento certo que flui para findar um dia inteiro.

O que veio depois, foi a paz que tudo aquilo sugeria.
E hoje o desejo me leva a escrever e me perder nas palavras que aqui vais ler.

O que verias agora, é uma mesa com papéis, livros e uma lareira apagada.
Mãos que teimam em deixar as emoções continuarem a existir. Calor que nada aquece e passos que já não se deixam levar.

Quem sabe um dia tuas mãos voltem a tocar a pele e a levar o corpo à luz do entardecer...

Carinho.

I.


Projeto Missivas de Setembro - Scenarium Plural
Créditos na imagem.