Caro R.
Escrevo sob a luz morna que tenta aquecer meus
pensamentos nesta noite fria.
Uma mariposa teima em voar e pousar nos papéis que
refletem a luz dos meus pensamentos.
Minhas emoções sempre tolheram os desejos simples que a
vida me propôs. A busca eterna do que não existiria, um ardor que transborda e
queima a alma.
Lembro-me do primeiro dia – as emoções intensas - quando tudo começou. Tantas incertezas e medos flutuavam no ar leve. Os pensamentos iam até onde o olhar alcançava pela
janela fechada.
As palavras já não precisavam ser ditas – tudo ao redor
dizia claramente a que viemos.
Lembro-me bem do cheiro doce com que tudo era perfume, e
inebriada, me deixei levar pelo aprendizado suave, pelas tuas mãos que
percorriam a pele...
A música sussurrava aos ouvidos os passos que
percorreríamos por algumas horas. Nada era tão firme quanto tuas mãos. Nada era
tão leve quanto meus passos.
Era Setembro - justamente o mês onde tudo desabrocha, e
nos deixa na intensidade das cores.
Era fim de tarde - o momento certo que flui para
findar um dia inteiro.
O que veio depois, foi a paz que tudo aquilo sugeria.
E hoje o desejo me leva a escrever e me perder nas palavras
que aqui vais ler.
O que verias agora, é uma mesa com papéis, livros e uma
lareira apagada.
Mãos que teimam em deixar as emoções continuarem a
existir. Calor que nada aquece e passos que já não se deixam levar.
Quem sabe um dia tuas mãos voltem a tocar a pele e a levar o corpo à luz do entardecer...
Carinho.
I.
Projeto Missivas de Setembro - Scenarium Plural
Créditos na imagem.
Um comentário:
Um beijo Ingrid!
Boa semana :)
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