segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Existe uma mesa com papéis, livros e uma lareira apagada.



Caro R.

Escrevo sob a luz morna que tenta aquecer meus pensamentos nesta noite fria.
Uma mariposa teima em voar e pousar nos papéis que refletem a luz dos meus pensamentos.

Minhas emoções sempre tolheram os desejos simples que a vida me propôs. A busca eterna do que não existiria, um ardor que transborda e queima a alma.

Lembro-me do primeiro dia – as emoções intensas -  quando tudo começou. Tantas incertezas e medos flutuavam no ar leve. Os pensamentos iam até onde o olhar alcançava pela janela fechada.

As palavras já não precisavam ser ditas – tudo ao redor dizia claramente a que viemos.
Lembro-me bem do cheiro doce com que tudo era perfume, e inebriada, me deixei levar pelo aprendizado suave, pelas tuas mãos que percorriam a pele...

A música sussurrava aos ouvidos os passos que percorreríamos por algumas horas. Nada era tão firme quanto tuas mãos. Nada era tão leve quanto meus passos.

Era Setembro - justamente o mês onde tudo desabrocha, e nos deixa na intensidade das cores.
Era fim de tarde - o momento certo que flui para findar um dia inteiro.

O que veio depois, foi a paz que tudo aquilo sugeria.
E hoje o desejo me leva a escrever e me perder nas palavras que aqui vais ler.

O que verias agora, é uma mesa com papéis, livros e uma lareira apagada.
Mãos que teimam em deixar as emoções continuarem a existir. Calor que nada aquece e passos que já não se deixam levar.

Quem sabe um dia tuas mãos voltem a tocar a pele e a levar o corpo à luz do entardecer...

Carinho.

I.


Projeto Missivas de Setembro - Scenarium Plural
Créditos na imagem.


Um comentário:

R disse...

Um beijo Ingrid!
Boa semana :)